O
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) é um dos mais importantes
movimentos sociais do Brasil. É um movimento camponês e autônomo que foi
fundado por trabalhadores rurais. O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem
Terra, “MST”, surgiu em 1984 quando ocorreu o primeiro encontro do movimento em
Cascavel, no Paraná, com uma tentativa de discutir e mobilizar a população em
torno da concretização da Reforma Agrária.
O MST
nasceu da ocupação da terra e tem nesta ação seu instrumento de luta contra a
concentração fundiária e o próprio Estado. Pelo fato da não realização da
reforma agrária, por meio das ocupações, os sem–terra intensificam a luta,
impondo ao governo a realização de uma política de assentamentos rurais.
A
organização do MST enquanto movimento social começou nos anos 80 do século
passado e hoje já se faz presente em 24 estados da federação, fato que ilustra
sua representatividade em termos nacionais. A fundação deste movimento se deu
em um contexto político no qual o duro regime militar que se iniciava na década
de 60 do século passado chegava ao fim, permitindo à sociedade civil brasileira
uma abertura política para reivindicações e debates. Neste contexto de
redemocratização do país, em 1985 surgiu a proposta para a elaboração do
primeiro PNRA (Plano Nacional da Reforma Agrária). Sua segunda versão (II PNRA)
foi proposta apenas em 2003, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva.
Os
objetivos do MST, para além da reforma agrária, estão no bojo das discussões
sobre as transformações sociais importantes ao Brasil, principalmente àquelas
no tocante à inclusão social. Se por um lado existiram avanços e conquistas
nesta luta, ainda há muito por se fazer em relação à reforma agrária no Brasil,
seja em termos de desapropriação e assentamento, seja em relação à qualidade da
infraestrutura disponível às famílias já assentadas. Segundo dados do INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), o número de famílias
assentadas nestes últimos anos foi de 614.093, sendo criados neste mesmo período
551 assentamentos. Ainda conforme o INCRA, no total, o Brasil conta com 85,8
milhões de hectares incorporados à reforma agrária e um total de 8.763
assentamentos atendidos, onde vivem 924.263 famílias.
Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até 2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e 22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas 1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do trabalhador do campo.
Os números apresentados são positivos. Porém, se levarmos em consideração as afirmações do próprio MST e de especialistas no assunto, até 2010 havia ainda cerca de 90 mil famílias acampadas pelo país, o que representa uma demanda por terra considerável por se atender, a despeito dos avanços sugeridos anteriormente. Em relação à infraestrutura disponível a estas famílias, alguns dados apresentados pela Pesquisa de Avaliação da Qualidade dos Assentamentos da Reforma Agrária promovida pelo INCRA em 2010 são muito significativos. A pesquisa mostra que 31,04% dos assentamentos possuem disponibilidade de energia, mas com quedas constantes ou com “pouca força” e 22,39% não possui energia elétrica, o que significa que mais da metade dos domicílios não contam plenamente com este benefício. No tocante ao saneamento básico, os dados também mostram que ainda é necessário avançar, pois apenas 1,14% dos assentamentos contam com rede de esgotos, contra 64,13% (somados fossa simples e fossa “negra”) que possuem fossas. A dimensão negativa destes dados repete-se na avaliação geral de outros fatores como a condição das estradas de acesso e de satisfação geral dos assentados, tornando-se mais significativa quando quase a metade dos assentados não obteve algum financiamento ou empréstimo para alavancar sua produção. Isso mostra que muito ainda deve ser feito em relação aos assentamentos, pois apenas com o acesso a terra não se garante a qualidade de vida e as condições de produção do trabalhador do campo.
Se por
um lado a luta pela terra além de ser louvável é legítima, por outro, os meios
praticados pelo movimento para promover suas invasões em alguns determinados
casos geram muita polêmica na opinião pública. Em determinados episódios que
repercutiram nacionalmente, o movimento foi acusado de ter pautado pela
violência, além de ter permeando suas ações pela esfera da ilegalidade, tanto
ao invadir propriedades que, segundo o Estado, eram produtivas, como ao ter
alguns de seus militantes envolvidos em depredações, incêndios, roubos e
violência contra colonos dessas fazendas.
Contudo,
vale ressaltar que em muitos casos a violência e a ação truculenta do Estado ao
lidar como uma questão social tão importante como esta também se fazem
presentes. Basta lembrarmos o episódio do massacre de Eldorado de Carajás, no
Pará, em 1996, quando militantes foram mortos em confronto com a polícia. A
data em que ocorreu este fato histórico, 17 de Abril, tornou-se a data do Dia
Nacional de Luta pela Reforma Agrária. Se a polêmica da violência (seja por
parte do movimento, seja do Estado) não bastasse, outras vêm à tona, como a da
regularização fundiária pelo país, a qual pode atender a interesses de
latifundiários e famílias ligadas ao agronegócio. Dessa forma, a despeito das
críticas que recebe (não apenas por seus atos polêmicos em si, mas algumas
vezes por desconhecimento da opinião pública influenciada por uma mídia que
pode ser tendenciosa), o MST trata-se de um instrumento importante na
transformação de uma realidade rural no país: a concentração fundiária.
A
reforma agrária está entre tantas outras reformas que a sociedade brasileira
tanto almeja para uma agenda de erradicação da miséria e da desigualdade,
valorizando a função social da terra. Assegurar os direitos do trabalhador do
campo é, ao mesmo tempo, defender sua dignidade enquanto brasileiro.